terça-feira, 25 de outubro de 2011

Rodarte: arte na moda

As irmãs Kate e Laura Mulleavy nunca estudaram moda. Kate (32) se formou em história da arte e Laura (31) em literatura inglesa. Isso não impediu que a dupla, que nasceu e vive até hoje na Califórnia, se tornasse uma das grifes mais cobiçadas do cenário da moda atual. Parte do line-up da Semana de Moda de Nova York, a marca Rodarte, criada em 2005, chama a atenção justamente pelas suas criações artísticas, com uma pitada experimental.



O prestígio aumentou quando Kate e Laura ganharam o prêmio "estilista revelação" pelo consagrado CFDA (Council of Fashion Designer of America), uma espécie de Oscar da moda. No ano seguinte, levaram - também pelo CFDA - o título de "melhor estilista" do ano.

Foi quando em 2010 o reconhecimento chegou as telonas: As irmãs Mulleavy assinaram parte do figurino do filme "Cisne Negro", do diretor Darren Aronofsky, que rendeu o Oscar de melhor atriz a Natalie Portman. Os tutus de balé, criados pela Rodarte, estão hoje no acervo permanente do MET, Metropolitan Museum of Modern Art, em Nova York.



A estilista Laura arrumando o figurino do filme na atriz Natalie Portman



croquis do figurino "Cisne Negro"

E foi por essas e outras que a dupla foi convidada para o Marie Claire Inspiração, seminário que aconteceu ontem, dia 24, no MuBe. Com a platéia cheia, as estilistas responderam perguntas sobre seu processo criativo, mercado, coleções e inspirações. A arte não poderia ficar de fora, por isso, as irmãs trouxeram alguns dos modelitos da coleção apresentada em setembro, durante a Semana de Moda de Nova York, que tinham como tema as pinturas de Van Gogh.


Spring/Summer 2012


Spring/Summer 2012

peças da coleção expostas no MuBe durante o Marie Claire Inspiração


Vincent Van Gogh

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Kevin Francis Gray


Conheci as peças de Francis Gray não faz muito tempo e fiquei maravilhada. Nascido na Irlanda do Norte, o artista é conhecido mundo a fora por suas esculturas que passeiam entre o gótico e o neclásscio. Para produzi-las, usa materiais como bronze e resina de vidro. Teve sua primeira solo no Brasil em abril, na Galeria Mendes Wood, infelizmente em cartaz por menos de um mês.

Os temas tratados por Francis são basicamente o abandono, medo e a vergonha. É como se esses sentimentos fizessem com que seus personagens escondessem seus rostos com essa espécie de cortina. Lindo.






E as influências do irlandes chegaram também nas passarelas da última edição do Pêmio Moda Hype, que aconteceu durante o Fashion Rio no mês de maio. A coleção verão 2012 do estilista André Lucian foi toda inspirada nas obras do artista. 



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

cena da semana


Linda a cena, ainda mais envolta pela cor da estação: o vermelho alaranjado, presença unânime nas passarelas dos quatro cantos do globo. Outra tendência que a fotografia denuncia é o ar retrô, alá anos 50. Inspire-se e abuse dessa dobradinha. 

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Panorama da Arte Brasileira - MAM

Parte onde caminha a arte brasileira contemporânea? A pergunta , que volta e meia ecoa em galerias e museus, parece ter encontrado uma resposta na 32a edição do Panorama da Arte Brasileira do MAM de São Paulo: “Para o mundo. Observamos uma forte internacionalização da arte brasileira. Nossos artistas circulam agora pelo exterior, fazendo parte de outras paisagens”, analisa Cristiana Tejo, curadora do projeto em parceria com Cauê Alves.

Bienal, a mostra nasceu para ajudar na montagem de um acervo para o MAM e acabou se fortalecendo como evento dedicado à produção nacional emergente. Esta edição, que abriu suas portas no último dia 15, leva o nome Itinerários, Itinerâncias e busca refletir sobre o crescente deslocamento dos artistas e de suas obras pelo globo - seja em exposições, seja em residências, seja pela compra de suas peças por instituições estrangeiras – e o reflexo disso na criação. Para a seleção de 2011, a dupla de curadores realizou um levantamento de projetos de artistas que trouxeram esse olhar estrangeiro para seus trabalhos. Entre os 33 escolhidos estão também aqueles que usam sua obra para discutir o próprio processo criativo. Escolhi cinco deles para falar mais um pouquinho:

(MAM: Parque do Ibirapuera, portão 3. De 15 de outubro a 18 de dezembro)



As instalações e fotopesquisas de Jonathas Andrade fizeram parte da 29a Bienal de São Paulo e, atualmente, estão em exibição na Bienal de istambul. Ele já conquistou o prêmio Marcantonio vilaça, um dos mais importantes das artes nacionais, no início deste ano, e está entre os finalistas do Pipa. Suas obras lidam com a ideia de suspensão do tempo e discutem uma chamada “amnésia histórica”. No MAM, Andrade apresenta Ontem Hoje (acima), montagem de texto e foto em que ele substituiu as trágicas imagens do livro Hoy Ayer, Yesterday Today, publicado durante a ditadura chilena, pelo registro da aurora boreal do fotógrafo suíço Emil schultess.



Também indicado ao Pipa deste ano, Carlos Eduardo Costa, o Cadu, costuma carregar de simbolismo engrenagens mecânicas. Em Hino dos Vencedores (2008/2009), por exemplo, usou cartões perfurados com números da Mega-Sena como partitura para caixas de música, criando uma suave melodia. Em março de 2012, ele pretende pôr em prática sua tese de doutorado e viver durante nove meses em uma cabana isolada autossustentável na região serrana do Rio. “A questão é trabalhar a solidão como atitude poética”, diz. A obra Partitura (acima) aborda o tema do deslocamento através de trens elétricos que, conforme se movimentam, se chocam contra garrafas de vidro criando sons diferentes.


Lourival Cuquinha costuma abordar em suas obras temas políticos pelo viés da provocação. Polêmico, a primeira obra que sugeriu à Panorama foi vetada: ArtTraffic, já exposta fora do Brasil, é um registro da viagem do pernambucano por diferentes fronteiras com um colar enfeitado com haxixe. “Em três anos, fui detido uma única vez, entre a Suíça e a França”, conta. O substituto foi o Jack Pound Financial Art Project (2009). inspirado por um artigo que dizia que os ingleses não notariam se mil libras sumissem de suas contas, Cuquinha arrumou metade do dinheiro com “investidores” e a outra metade reuniu trabalhando em Londres. Transformou tudo em notas de 5 e 10 libras e, com elas, fez uma bandeira da inglaterra. Depois, a obra foi leiloada, durante a Frieze art Fair de Londres – rendeu 17 vezes seu valor inicial.


Esta é a segunda vez em 2011 que Nicolás Robbio, argentino radicado no Brasil (desde 2002) apresenta suas obras no MAM – a primeira foi na coletiva Um Outro Lugar, em 2010. Aliás, melhor seria defini-lo como um brasileiro com sotaque argentino, como ele mesmo gosta de dizer. Seu trabalho, constituído sobretudo por desenhos, costuma discutir o tempo entre ação e a reação, quase sempre tocando temas políticos. Durante a 28ª Bienal de São Paulo, por exemplo, Robbio publicou desenhos no jornal diário da mostra. Alguns foram censurados por criticar a curadoria e a crise da fundação. Para a Panorama, ele apresenta uma série desenvolvida nos últimos dez anos. Em envelopes, símbolo do fluxo de informações, ele inseriu elementos gráficos que só podem ser vistos contra a luz. “Esses desenhos são parte do processo da minha decisão de vir para o Brasil”, explica ele, que por muito tempo trocou correspondências com uma brasileira.


A tinta a óleo, pouco usada pelos novos nomes da arte contemporânea, é protagonista nas obras de Rodrigo Bivar. Usando fotografias tiradas ao redor do mundo como referência, o brasiliense pinta seus personagens em situações usuais do cotidiano. “Japão ou São Paulo, não importa onde os registros foram feitos, mas sim sua interpretação na tela”, ele diz. Bivar, de 30 anos, teve sua primeira exposição solo em 2009, na galeria Milan, onde apresentou obras que retratavam crianças fantasiadas, em uma brincadeira entre realidade e imaginação. No ano passado, foi considerado uma das grandes revelações da Paralela (mostra off Bienal de São Paulo) com a obra Duas Laranjas. Formado pela FAAP em 2005, o artista começou a ganhar notoriedade depois de uma série de retratos pintados em ângulos incomuns a partir de fotografias convencionais. Três de suas mais recentes pinturas farão parte da mostra do MAM, caso de Capa Preta (acima).

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Preto no Branco


“Aquilo lembrou-me Carlitos. Não foi a primeira vez, aliás, que um movimento súbito, um modo de andar, um instante genial de vida me lembra Carlitos”. A frase de Vinícius de Moraes reforça a ideia de que qualquer pessoa, com a mínima relação que seja com o cinema, tem sua própria visão sobre esse mítico personagem. Mas a exposição Chaplin e a sua Imagem, que inaugura no próximo dia 17 e permanece até 27 de novembro no Instituto Tomie Ohtake, promete revelar muito mais sobre um dos maiores nomes do cinema que o mundo já conheceu.

São mais de 200 fotografias de estúdio, além de trechos e montagens selecionados entre os 86 filmes em que Charlie Chaplin atuou durante sua carreira. Um deles, filmado pelo seu irmão Sydney no final dos anos 30, mostra um making of em cores produzido durante o longa-metragem O Grande Ditador. Outro ponto alto da mostra, e inédito ao público até agora, é o Álbum de Keystone, o primeiro estúdio em que Chaplin trabalhou, logo após fazer parte da trupe de comediantes de Fred Karno. As pranchas são compostas por fotogramas que remetem a história dos primeiros 35 curtas do artista, em 1914.

“Quando Chaplin entrar na Keystone para rodar ‘filmes de perseguição’, correrá mais rápido e mais longe que seus colegas do music-hall, pois, embora não fosse o único cineasta a descrever a fome, foi o único a conhecê-la”, conta François Truffaut. Abandonado pelo pai alcoólatra, Chaplin, com seus apenas nove anos, viu sua mãe ser levada para um asilo – Hannah Chaplin morreria louca anos depois – e passou a viver “ nas camadas inferiores da sociedade”, como descreveu em suas memórias. Mesmo com a desestruturação familiar, Chaplin não deixou de seguir os passos dos pais (também artistas) e seu talento nato para a escrita, direção e atuação.

É a partir desta primeira leva de filmes, e prestes a completar seus 25 anos, que Chaplin começa a desenvolver seu emblemático personagem Carlitos. A figura do vagabundo solitário e extremamente humano, hoje profundamente enraizada na memória coletiva, foi resultado de um processo de contínua transformação, que nasceu de um Carlitos cheio de truques e que aplicava golpes em seus comparsas. O personagem não seria diferente até a produção do longa O Garoto, 1921.

A curadoria de Sam Stourdzé também traz para a mostra obras de Fernand Léger. A partir de uma temática que conta com ícones urbanos, como maquinários e engrenagens - e que nos remetem as críticas feitas por Chaplin em Tempos Modernos – o pintor francês apropriou-se da imagem de Carlitos para a criação da serie de obras chamada Carlitos Cubista. Os personagens foram desenvolvidos para o filme Le Ballet Mécanique, dirigido e produzido pelo próprio Léger. E o arquivo da família Chaplin não para por aí. Afinal, são mais de 70 anos de carreira nas costas. O melhor é apertar o play e ver tudo com os próprios olhos.





terça-feira, 11 de outubro de 2011

Os Amigos dos Amigos










"Ele me beijou, e quando me lembrei que ela havia feito o mesmo uma ou duas horas antes, senti, por um instante, como se ele tivesse tirado dos meus lábios a pressão dos lábios dela"

A frase acima é do conto "The Friend of The Friends", de Henry James, que fala sobre o desenrolar de um encontro entre dois amigos, comuns a protagonista. O texto reflete sobre certos acontecimentos que desejamos, mas que, por medo, acabamos evitando que se concretizem. Outro ponto interessante é a força que as possibilidades possuem quando comparadas aos acontecimentos da vida real: um amor vivido por inteiro não conseguirá chegar aos pés de algo vivido apenas na imaginação, onde tudo é perfeito e não nos deparamos com os combates diários que fragilizam as relações.

Foi pensando nesta e em outras tantas interpretações do conto que a atriz Julia Ianina resolveu trazê-lo ao palco. Ao lado de Victória Camargo, com adaptação de Cassio Pires, a peça "Os Amigos dos Amigos" estreou no último dia 30 de setembro do Sesc Pinheiros.

Para completar, a cenografia e o figurino, a lá 20's, ficaram lindos! (reparem no vestido da Julia, branco e estruturado, como se usava na época). Programa delicioso para fazer no final de semana.


até 29 de Outubro. Sextas e sábados, às 20h
SESC Pinheiros – Rua Paes Leme, 195 (Pinheiros)
De R$5,00 a R$20,00



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

beauté

Ah, Chanel.. o tão aguardado desfile de Karl Lagerfeld na semana de moda de Paris sempre nos revela algo a mais. A delicadeza da grife trás uma forma toda artística de ser. Sua Beleza (maquiagem e cabelo), a mais esperada entre os especialistas no assunto, nunca esquece a elegância e feminilidade da mulher. Para o verão 2012, que teve como tema o fundo do mar, a maison colocou pérolas como adorno nos cabelos e na própria pele das modelos. Na passarela, o toque deixou cada modelito ainda mais iluminado!




 

 


terça-feira, 4 de outubro de 2011

os outros



Não é só de Lygia Clark e Hélio Oiticica que é feita nossa arte. O reconhecimento de outros brasileiros de peso por importantes instituições ao redor do globo vem acontecendo cada vez com mais frequência. É o caso de Lygia Pape que ganha sua primeira grande retrospectiva fora do Brasil: no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri, uma das principais instituições da Europa.

“Espaços Imantados”, que permanece até dia 3 de outubro na Espanha, segue em dezembro deste ano para Serpentine Gallery, em Londres. A surpresa é que, diferente da mostra de Oiticica, em 2007, e Cildo Meireles, em 2008, (ambas na Tate Modern), “Espaços Imantados” desembarca no Brasil no início do ano que vem, na Pinacoteca do Estado, o que da aos brasileiros a chance de ver ao vivo e a cores uma incrível seleção dos trabalhos da artista carioca.

Pape já havia ganhado alguns tributos de peso, o mais importante deles durante a 53ª Bienal de Veneza, em 2009, com sua instalação “Tteia” (abaixo), composta por fios dourados e prateados inicialmente montada em 1976. Esta mesma instalação também ganhará um pavilhão próprio em Inhotim, a ser inaugurada em abril/maio de 2012.



E para recepcionar os visitantes no museu espanhol, (e despedir-se dos leitores desse post) a obra "Roda dos Prazeres", formada por vasilhas de pocelana com variados liquidos coloridos.


sábado, 1 de outubro de 2011

ao som do tablado

Parafraseando Nietzsche, “eu só acreditaria em um Deus que soubesse dançar”. Minha formação em balé clássico e moderno não deixou que minha paixão pela dança se restringisse apenas as sapatilhas. O Flamenco sempre me encantou. A força dos pés no tablado, das palmas, embalados por uma melodia muitas vezes melancôlica e um figurino cheio de longas caudas drapeadas. Emoção pura. Mas a vida que pulsa no Flamenco não podia ser diferente, levando em conta que a dança espanhola possui fortes raízes mouras e ciganas.

Em outubro, para a felicidade dos seguidores da dança, a Companhia Antonio Gades chega ao Brasil com seu principal espetáculo, obra prima de seu fundador Antonio Gades, a lindíssima Carmen. A turnê passará por oito cidades brasileiras: São Paulo, Rio, BH, Curitiba, Porto Alegre, Brasília Goiânia e Salvador.



E todo esse aroma espanhol me fez lembrar da obra Round IV (2010), em que a artista plástica Amanda Melo interage com um boi da raça nelore. O figurino faz uma citação às touradas, já que Amanda chegou a ficar um período na Espanha, em 2010. A pernambucana é um dos nomes da próxima edição do Panorama de Arte Brasileira do MAM, que chega a sua 32 edição.