domingo, 25 de julho de 2010

O universo Slava


Depois de assisitir ao espetáculo Slava Snow Show, resolvi reproduzir o texto que escrevi para o portal Onne, quando era colunista do canal Europa, sobre minha temporada na casa do próprio Slava, em Paris. 
Dias que parecem ter sido anos de vida..


Piques frances
O refugio circense do universo Slava

Para ser um palhaço de verdade é preciso ter dom. De uma forma pouquíssimo verbal, mentes cheias da mais pura simplicidade criativa são capazes de construir um diálogo com pessoas de qualquer idade ou país. Incrível. Foi com este pensamento que cheguei ao aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, onde passaria uma temporada na casa de uma das maiores referências quando se fala de narizes vermelhos, o palhaço Russo Polunin Slava.


A trupe está em constante tour pelo mundo com o maravilhoso Slava Snow Show, visto por mais de um milhão e meio de pessoas pelos quatro cantos. Entre  as apresentacões em um país e outro, a família circense passa alguns dias de descanso e de reorganização em sua casa, a meia hora da capital francesa. E quase nunca estão sós. A local, que fica com suas portas abertas para os amigos durante todo o ano, já contava com alguns artistas e colegas que passavam pelo país e que acompanharam parte de nossa estadia.

A residência Slava tem uma finalidade que não podia ser mais nobre: a de que no corre-corre da vida essa casa se torne um verdadeiro piques, onde as pessoas queridas possam encontrar paz e tranqüilidade. Um lugar onde nenhuma preocupação possa alcançar aqueles que desejam criar.
A parte mais bela é ver como é este piques em uma cabeça cheia de minhocas coloridas como a de Slava.




Botas antigas viram vasos de flores, esculturas pintadas em madeira dentro de um picadeiro, salões com fantasias e artigos artesanais de todas as épocas, máscaras e invenções malucas que servem tanto como referência quanto como disfarces para incorporar os inúmeros personagens. Uma biblioteca com livros de todos os movimentos artísticos e curiosidades, sem falar dos incontáveis filmes de comédias e palhaçadas da era Charles Chaplin.



E não para por aí. Cada quarto do pequeno castelo também possui sua própria temática. ¨Casa de um gigante¨, ¨India¨e ¨menina moça¨  são alguns dos que retratam um mundo a parte.
Um lugar como este só poderia vir acompanhado de uma história igualmente inusitada. A residência oficial do palhaço Polunin molha seus pés em um rio que funcionava como motor para um antigo moinho. Há muitos anos, a casa foi abrigo do inventor Aldo Costa, que vendeu o local para construir sua enigmática maquina do tempo. Aldo passou cerca de 30 anos para colocar em funcionamento seu ¨frankenstein¨, que desafia as leias da física na tentativa de conseguir o chamado movimento perpétuo. O inventor frances terminou por comprar um terreno a poucos minutos da atual casa Slava, onde se pode visitar a tal maquina, instalada em seu jardim de mato alto.
Uma das últimas ofertas antes de começar sua história como o lar Slava, foi para a construção de um asilo. O contrato acabou não dando certo, pela casa estar praticamente pendurada no rio, o que poderia ser um risco para os idosos.


O castelinho acabou ganhando um palhaço como dono e uma agitada vida criativa que dura há quase dez anos. Por dentro, muitas partes ainda estão em reforma, já que Slava adora inventar moda para cada um dos espaços.



Não se sabe quanto tempo mais esse piques demorará para ficar pronto e Slava também dá de ombros para tal pergunta. Talvez o lugar e seu criador sejam mutantes eternos, como as pessoas que passam por lá.

Um comentário:

Anônimo disse...

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