Confesso que quando o convite para assistir ao regente Thomas Adès, na Sala São Paulo, chegou às minhas mãos não fiz lá muita festa. Apesar de ser grande fã de música clássica desde meus tempos de bailarina, não conhecia suas composições e fiquei receosa com o título de "músico erudito contemporâneo" que lhe foi dado. Pensei comigo: será isso algo que vale verdadeiramente a pena? Pois bem; a resposta veio logo nos primeiros movimentos de sua batuta. E para minha certa ignorância clássica, um santo remédio. Thomas Adès foi uma das melhores coisas que ouvi nos últimos bons anos de vida
O compositor inglês é um dos grandes nomes da música erudita da atualidade. Já comandou orquestras como a London Symphony, a Chamber Orchestra of Europe e a Los Angeles Philharmonic. Quando a obra prima de sua primeira fase estreou, Adès tinha apenas 26 anos. E foi com esta obra, chamada Asyla, que o músico terminou o primeiro ato de sua apresentação na Sala São Paulo. Também foi ao ouvir esta mesma obra que me apaixonei perdidamente por suas composições. Além disso, Asyla foi a escolhida, junto a Quinta Sinfonia de Mahler, pelo regente Simon Rattle para sua estreia na direção da Filarmônica de Berlim, em 2002. Nada mal, não é mesmo?
O segundo ato ainda contou com a participação do violinista inglês Anthony Marwod. Com um certo ar sombrio, a notas de Marwood encantaram a plateia. E, para finalizar, Adès apresentou sua mais nova composição: Polaris - Viagem Para Orquestra. A obra foi composta para a abertura da nova sala da New World Symphony, projetada por Frank Gehry, em Miami Beach, Flórida. Sua estreia mundial foi em Janeiro deste ano, sob a batuta de Michael Tilson Thomas. Com a Osesp, a obra tem sua estreia sul-americana.
Ficou curioso? Veja abaixo um dos movimentos de Asyla para matar a vontade: