quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Dores do Mundo


É, preciso confessar: Botero não faz parte daquele seleto grupo de artistas que tem um lugar especial aqui no meu coração. Mas a mostra "Dores da Colômbia", em cartaz na Caixa Cultural do Rio, me chamou uma atencão especial.

De volta ao Brasil depois de quatro anos, quando levou 25 mil pessoas ao Memorial da América Latina, em São Paulo, a exposição (que passa pela cidade de novo antes de ir para Salvador) é composta por 64 obras que ilustram as angústias da vida e principalmente as marcas decorrentes da violência sofrida pelos colombianos nas últimas décadas de intensos ataques guerrilheiros.


Por isso mesmo, as figuras rechonchudas e coloridas do artista colombiano, em geral, sorridentes e felizes, alheias ao sofrimento humano, ganharam um ar mais real. “Esses quadros, doados por Botero para o Museu Nacional da Colômbia, são uma exceção em seu trabalho e têm grande relevância por sua função social”, explica a curadora Maria Victoria Robayo, diretora do museu colombiano. “Artistas consagrados têm uma imensa capacidade de influenciar a opinião pública, por isso é tão importante que essa série circule”.


Exilado de seu país há mais de 40 anos (e agora radicado na França), o próprio Botero também leva consigo marcas da violência: a morte do filho caçula aos 5 anos, em um acidente de carro (em 1979), e a prisão do mais velho, acusado de envolvimento com o narcotráfico (em 1996).

Para quem busca algo mais do que gordinhos simpáticos (mesmo que estes, em alguns casos, também fossem uma espécie de sátira a políticos, militares e religiosos), vale a pena conferir esta visão diferente do sofrimento da Colômbia e do mundo.

Um comentário:

Marcelo De Carli disse...

bonitas palavras..gostei..tudo muito lindo...